Alimentos fortificados: como eles podem fazer a diferença?

Uma das grandes preocupações dos pais que frequentam o consultório pediátrico é a recusa alimentar dos filhos, principalmente aqueles na fase pré-escolar (2-6 anos). Tal apreensão é legítima, uma vez que a alimentação inadequada pode acarretar uma série de deficiências nutricionais e prejudicar o crescimento e o desenvolvimento da criança. Neste contexto, alimentos fortificados podem colaborar para atingir as recomendações diárias de micronutrientes.
Você sabe o que são alimentos fortificados? Alimento fortificado é todo aquele ao qual é adicionado um ou mais nutrientes contidos naturalmente ou não no alimento. O objetivo desta fortificação é reforçar o valor nutritivo do alimento, além de prevenir ou corrigir deficiências nutricionais na alimentação da população em geral ou em grupos específicos. Mas de nada adianta fortificar alimentos pouco aceitos pela população. Para as crianças, grupo bastante vulnerável às carências nutricionais devido à necessidade de nutrientes aumentada e recusas alimentares frequentes, a fortificação de leite, fórmulas infantis e cereais, alimentos bem aceitos e tolerados por essa faixa etária, mostram-se muito eficientes na prevenção e correção das mais diversas deficiências nutricionais.
Quais nutrientes merecem atenção na fortificação de alimentos infantis? Embora o ferro seja encontrado naturalmente em diversos alimentos, como na carne e nas hortaliças de cor verde escura, a quantidade consumida na maioria das famílias é, muitas vezes, insuficiente. A consequência da falta de ferro é a anemia, muito comum em crianças, especialmente nas menores de 2 anos, cujos sintomas são prostração, cansaço durante a atividade física, dificuldade de aprendizado e imunidade mais baixa. Por falar em imunidade, alimentos enriquecidos com prebióticos e probióticos (lactobacilos e bifidobactérias) são importantes na redução do risco de infecções. Os prebióticos são carboidratos não digeríveis que estimulam o crescimento e atividade das bactérias benéficas do trato gastrointestinal e ainda melhoram a absorção de diversos nutrientes. Probióticos referem-se às bactérias que contribuem para o equilíbrio da flora intestinal. Que pai não quer uma imunidade aumentada para seu filho? Nutrientes que também participam do sistema imunológico são o zinco e a vitamina A. Aliás, a deficiência dessa vitamina é muito comum na infância e merece atenção especial, uma vez que o consumo adequado desse nutriente previne o aparecimento de cegueira noturna. E porque as crianças estão cada vez menos expostas ao sol, seja devido ao uso de protetores solares ou ao menor número de brincadeiras de rua, a carência de vitamina D já preocupa os profissionais da saúde. Poucos alimentos são naturalmente ricos em vitamina D, sendo o consumo de alimentos fortificados fundamental para aumentar a oferta desse nutriente que tem importante papel na saúde dos ossos. Aliás, sabe-se que o período da infância e da adolescência é marcado por uma importante formação óssea: aproximadamente 90% dos ossos são formados até os 20 anos de idade. Embora as boas fontes de cálcio sejam facilmente encontradas (leites e derivados), 99% da população brasileira não consome a quantidade adequada desse nutriente. Para suprir essa carência, o consumo de leites, iogurtes e cereais matinais fortificados com esse mineral também deve ser considerado. Em suma, a infância é uma fase da vida que requer atenção quanto ao consumo adequado de nutrientes para que o crescimento e desenvolvimento do organismo não sejam prejudicados. Por outro lado, esse é também um período de intensa recusa alimentar o que aumenta a possibilidade de carências nutricionais. O uso de alimentos fortificados é um poderoso aliado no combate dessas deficiências e na manutenção da saúde da criança.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
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